Novos modelos de negócios em uma lógica colaborativa estão alterando o cenário econômico em todo mundo. As diferenças entre produtos e serviços estão se reduzindo.
Nestes novos modelos os ativos são compartilhados, tornando-se serviços e soluções, reduzindo a importância do produto em si e minimizando os custos e a ociosidade de bens. É o paradigma entre acesso e propriedade. Empresas com soluções colaborativas estão revolucionando a forma de fazer negócios. A ideia capitalista de acumular bens passou a ser questionada. O Uber, por exemplo, é uma das maiores frotas de carros para transporte sem possuir nenhum carro próprio; o Facebook uma das maiores redes de conteúdo não gera conteúdo próprio. Airbnb uma das maiores redes de hospedagem não possui nenhum hotel. Estes novos modelos desafiarão governos e modificarão a competição em seus mercados.
O Uber talvez seja o caso de maior destaque no Brasil. Suas atividades em Porto Alegre, por exemplo, iniciaram em 19 de novembro de 2015. A regulamentação deste serviço compartilhado só foi para votação na Assembléia Legislativa em agosto de 2016, foi aprovada em 24 de outubro e sancionada pela Prefeitura em 9 de dezembro de 2016. Esta demora na regulamentação, no entanto, não ocorreu apenas na capital gaúcha. No Rio de Janeiro o Uber iniciou suas atividades em maio de 2014 e sua regulamentação foi decidida pela Assembléia carioca somente em 16 de novembro deste ano. A decisão dos deputados foi contrária, sem aprovação para tal serviço. Em Porto Alegre quando iniciou suas operações, logo ocorreram casos lamentáveis de violência entre taxistas e motoristas do Uber. A rejeição de taxistas e gestão pública foi forte, mesmo com a satisfação dos clientes. Em determinado momento a impressão foi: a Prefeitura está contrária ao serviço de transporte individual de melhor qualidade para o cidadão?
O Uber revolucionou o setor com sua rede de motoristas independentes, forma de pagamento, qualidade do atendimento, segurança com rotas por GPS e avaliação de motoristas e passageiros. Mesmo com seu trabalho de qualidade o Uber já ganhou mais um concorrente em Porto Alegre, o Cabify. Outra empresa que entra na região e que deve elevar a competitividade e desafiar ainda mais o modelo praticado pelos taxistas. Quem ganha com tudo isso? Todos, mas, principalmente, o cliente. O próprio serviço oferecido pelos taxistas melhorou diante desta competição acirrada.
A necessidade de novas regulamentações será cada vez maior, pois a cada dia surgem novos modelos disruptivos e inovadores. Compartilhamento e colaboração sempre houveram, mas o avanço da tecnologia, a democratização dos meios de produção e de comunicação, estão proporcionando o aumento exponencial destes novos negócios.