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Coronavírus

Estou há um mês em quarentena. Voltei para casa depois de duas viagens e decidi começar a quarentena no dia 16 de março. Um dia depois foi o registro de primeiro caso de COVID-19 no Brasil. Desde lá a sociedade brasileira vem enfrentando uma grande crise. Minha primeira publicação sobre o tema foi em 22 de março.


Essa época de quarentena vem trazendo muitos desafios e consequentemente muitos ensinamentos. No início da crise muitos gestores defenderam a ideia de que a epidemia era algo passageiro e sem grandes consequências. O assunto entrou na minha pauta no dia 17 de março pela manhã. A tarde o assunto foi debatido pela primeira vez no chat do conselho de administração de um dos nossos clientes. Diferente de antes, o chat do conselho tornou-se mais intenso e exigiu inúmeras reuniões por videoconferência e votações a distância.

O coronavírus está levando empresas e economias a um nível de stress elevado. É um vírus moderno, global, que se disseminou da China para os seus principais parceiros econômicos, até chegar em 182 países (Mapa com casos). Uma primeira questão é que o coronavírus é um problema coletiva e para ser resolvido precisa ser visto como tal. Com uma visão sistêmica, sem a polarização entre saúde ou economia. É saúde e economia.


- Reduções de jornada e desemprego.


Muitas empresas estão adotando medidas de suspensão e redução de jornada de trabalho. O nível de atividade está muito baixo em muitos setores. As reduções podem permitir gastos menores e a preservação de um maior número de postos de trabalhos. Todos os trabalhadores serão afetados com reduções efetivas em seus salários.


- O grande desafio do Brasil:


O vírus expõe a sociedade em todas as suas classes. Os profissionais da saúde, os trabalhadores informais, e aqueles que moram em comunidades, em locais em situações precárias, são os mais afetados nessa crise.


A jornalista Ana Conceição publicou texto em que afirma que o país precisaria do dobro de leitos de UTI diante da rápida disseminação do vírus. Diante de um cenário de falta de estrutura (leito, profissionais e equipamentos) é preciso um cuidado especial com os profissionais da área da saúde, que estão na linha de frente.


A disseminação do coronavírus pelo mundo gera preocupação em especial com algumas regiões mais vulneráveis como o continente africado, que conta com estrutura médica ainda mais precária.


- Relação de trabalho:


Não acredito que os impactos do vírus possam a curto prazo provocar mudanças profundas nas relações de trabalho entre trabalhador e empresários. Contudo, acredito que esse período de combate ao vírus, de quarentena, e de trabalho home office, devem, sim, influenciar em futuras mudanças. É muito forte o nível de restrição em que muitos mercados estão. O efeito é global. Nunca antes tantas pessoas foram forçadas a trabalhar de outra forma que não a rotineira em uma escala tão grande.


É interessante a entrevista em que o Professor Peter Cappelli diz que as companhias vão voltar ao modo de trabalho tradicional após a passagem da pandemia e regimes de quarentena. É provável que as empresas voltem a rotina normal imediatamente. É difícil pensar em uma ruptura após a quarentena. Os aprendizados dessa quarentena podem, sim, influenciar no regime de trabalho de muitos colaboradores nos próximos anos, inclusive, antecipando movimentos que seriam feitos em um espaço de tempo mais longo. Como disse, é uma situação que, por vontade própria, muitas empresas e pessoas não estavam vivendo.


- Pontos a serem observados pelos gestores:


Cuidado com os colaboradores e com o caixa da empresa


Desde o início foi importante o olhar com cuidado sobre a saúde dos colaboradores. O cuidado com a saúde do colaborador deve ser a primeira preocupação das empresas em todo esse período. Todo esse cenário caótico e atípico do coronavírus exige uma nova forma de organização por parte das empresas. A prevenção, com isolamento, para diminuir a transmissão do vírus gerou a necessidade do regime de home office e uma nova forma de organização dos processos e atividades.


As grandes empresas, chamadas de “companhias” pelo Professor na entrevista, detém uma estrutura de gestão mais sólida para momentos como esse. Contudo, assim como o vírus, os efeitos nas empresas são em todos os departamentos e níveis hierárquicos

Neste momento é importante uma atenção especial ao caixa da empresa. A paralisação da economia gerou uma queda grande de receita. Em muitas empresas chegando a zero. É inédito. Uma situação nunca vivida antes. É preciso foco extremo no caixa da empresa. As pequenas empresas vão sofrer bastante. A maioria não tem caixa para tanto tempo parado, ou com baixo fluxo. O momento vai exigir uma renegociação em massa e pode provocar um número grande de desempregados. Grandes companhias estão resguardadas e têm mais recursos para trabalhar. O governo anunciou medidas econômicas para empresas de pequeno e médio porte. É importante a participação do BNDES nesse momento. Algumas empresas vão se salvar fazendo adaptações, enquanto outras não vão resistir e vão levar seus proprietários a um cenário extremo, aumentando o número de brasileiros sem atividade.


Comunicação


Embora o atual cenário possa não mudar substancialmente a comunicação entre líderes e colaboradores, é certo que o ambiente de trabalho em home office impõe uma comunicação e organização diferente daquela do ambiente físico. Em muitos casos o isolamento é total.


Quarentena


Até quando vai durar? Quais os efeitos na curva de contaminação e na economia do país? O tempo de quarentena ainda é uma grande incerteza.



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