O Brasil vive um momento muito difícil. Talvez um dos mais difíceis da sua história. O país vem de dois anos de recessão econômica (2015 e 2016) e três anos (2017, 2018 e 2019) de crescimento do PIB entre 1,0% e 1,3%.
Desde 1962, sempre em que houve recessão, a economia retomou com crescimento superior ao apresentado nos últimos três anos. Até então a recuperação do país era lenta e com muitas dificuldades. Agora com o cenário de coronavírus as projeções são ainda piores e mais preocupantes. O país pode estar entrando em uma das suas piores crises da história.
Histórico Recente:
Em 2010 o país alcançou seu maior crescimento econômico dos últimos vinte e cinco anos. E desde lá foram muitas instabilidades. A eleição presidencial de 2014 escancarou a divisão e a disputa política na sociedade brasileira. O segundo mandato da presidente Dilma foi um verdadeiro desastre. A economia entre 2015 e 2016 encolheu e viu seus problemas conhecidos se agravarem. Em agosto de 2016, a chefe do poder executivo sofre um processo de impeachment. Michel Temer, sob muitos olhares de desconfiança, assume e governa o país até as eleições de 2018, em que Jair Bolsonaro é eleito e o país sai dividido em mais uma eleição. Ainda, junto com essas últimas eleições, o fenômeno das fake news nas redes sociais ganhou força e é hoje visto, inclusive, em época de quarentena e de combate ao coronavírus.
Economia:
Esse novo contexto com a chegada do coronavírus carrega junto todo esse histórico dos últimos anos do país. E por isso digo que pode ser uma das piores crises. Já não bastava os desafios que tínhamos antes, agora há uma pandemia mundial.
Muitas empresas ainda estavam em processo de recuperação. Nos próximos meses, a depender da disseminação do vírus no país, pode ser grande o número de empresas que entrarão com pedido de recuperação judicial e ainda maior o número de empresas que vão fechar imediatamente
A bolsa de valores de São Paulo começou 2020 muito bem e teve seu pico em 23 de janeiro. As corretoras e o mercado em geral estavam empolgados. Falavam em um novo momento de crescimento das ações. Parecia que o país estava próximo de viver o auge na sua bolsa de valores. Ainda ninguém fazia ideia dos efeitos do coronavírus no mundo e no país. A disseminação do vírus foi se alastrando e seus efeitos foram sentidos nos mercados asiático, europeu e americano. No início de 2020 a bolsa de valores brasileira viveu seu início de ano mais duro, com pico de valorização em janeiro e forte queda em março.
Governança Federal:
Desde o início do governo Bolsonaro, a governança do país sempre esteve cheia de conflitos e dificuldades. A governança aqui é a relação entre os poderes, e o exercício da liderança para promover as reformas necessárias e trazer um melhor desenvolvimento para o país. O desafio sempre foi grande. E o governo ainda não conseguiu responder à altura, por incompetência e por dificuldade com todo o cenário político brasileiro.
Agora o coronavírus impõem um desafio ainda maior. O coronavírus é um problema coletivo e exige uma coordenação e alinhamento entre os governos. Há falta de alinhamento e governança entre os governos municipais, estaduais e federais. O ministro da saúde chamou atenção em suas entrevistas e ganhou simpatia e confiança de muitos brasileiros. O coronavírus é um problema coletivo e exige uma solução colaborativa entre os agentes e a sociedade em geral.
Coronavírus:
O continente sul americano sentiu os efeitos do coronavírus depois do continente asiático, europeu e norte americano. A sequência de disseminação do vírus seguiu da China até os seus principais parceiros comerciais. O pico de casos no Brasil deve ocorrer em abril e deve levar o sistema de saúde brasileiro ao colapso. O coronavírus é um grande teste para a sociedade em geral e suas organizações (empresas e governos). O vírus é uma pauta a ser tratada pela governança de todas as organizações.
Os efeitos nas empresas:
Os efeitos do coronavírus são sentidos por toda a população brasileira. Nas empresas, o coronavírus vem dificultando o funcionamento das operações. O cenário exige adaptação na forma de trabalho, com regime de home office, prevenção e cuidado com os colaboradores, uma comunicação ainda mais eficaz, um olhar atento ao fluxo de caixa da empresa, e uma relação cada vez mais próxima com o cliente neste momento de incertezas sobre as receitas. O coronavírus vai passar, mas antes disso, vai levar algumas empresas ao stress máximo. Aquelas que resistirem, terão a oportunidade de aprender com os ensinamentos deste período e, precisarão rapidamente colocar em prática ações para a retomada dos seus negócios.
O funcionamento das organizações, principalmente, das pequenas e médias empresas, dependerá diretamente das ações adotadas pelo governo para minimizar a crise e seus efeitos. A desigualdade social pode ser ainda maior.
Fim:
Agora resta saber por quanto tempo vai durar a quarentena, como será o avanço do vírus no país e quais os efeitos para a população, tanto no aspecto econômico, quanto social. Em um outra publicação, farei mais comentários sobre os efeitos do coronavírus para as empresas.
Os resultados dos próximos meses vão depender diretamente de como a sociedade vai encarar essa pandemia e de como o governo vai trabalhar para diminuir os efeitos e socorrer a economia e os mais necessitados.